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Mochileira de Jesus

terça-feira, 24 de julho de 2018

Como a uma semente


O Reino dos céus é como um grão de mostarda que um homem plantou em seu campo.

Embora seja a menor dentre todas as sementes, quando cresce torna-se a maior das hortaliças e se transforma numa árvore, de modo que as aves do céu vêm fazer os seus ninhos em seus ramos" Mateus 13:31-32



Esses dias eu estava pensando na diferença entre uma árvore de natal (dessas de montar) e uma árvore real, grande, que tem mais de 100 anos. Parece ridículo comparar-las, mas as duas chamamos de árvore, ainda que todos sabemos que a árvore de natal não é uma árvore, continuamos dizendo assim, talvez pela preguiça de falar "plástico em formato de árvore com luzes e enfeites, para fins decorativos no mês de Dezembro".

Eu lembrei também que ano passado montamos juntos a nossa árvore de natal pela segunda vez desde que casamos, demoramos cerca de 20 minutos, foi algo divertido. Também desmontamos e foi bem mais rápido, em menos de 10 minutos, tudo estava dentro de caixas no depósito do subsolo.

Isso me fez pensar no processo do reino de Deus, como tudo naturalmente se transforma e cumpre o propósito pelo qual foi criado. Enquanto a árvore de natal precisa de enfeites e luzes para chamar a atenção, uma árvore é por si mesmo maravilhosa, ainda que no inverno quando ela perde suas folhas e até parece estar morta, na primavera tudo volta a florescer, e no tempo certo nascem os frutos, que contem sementes e formaram outras árvores.

Sei que tudo o que Deus faz permanecerá para sempre; a isso nada se pode acrescentar, e disso nada se pode tirar. Deus assim faz para que os homens o temam. Eclesiastes 3:14

Mas para todo processo natural, é necessário paciência, perseverança e espera. Algo muito contrário ao imediatismo que o mundo oferece, principalmente para as novas gerações, onde tudo é feito e compartilhado em segundos.

Esse tema me fez pensar em quantas imitações o diabo tem para a Criação. O mundo tem sua própria versão de projetos de Deus como casamento, família, relacionamentos, sexo, amizade e até mesmo da palavra AMOR, todas essas coisas (e muitas outras) são copiadas em versões falsas sem vida.

O que seria no planeta Terra, do ecossistema e da humanidade se fossem substituídas todas as arvores vivas por essas versões de plástico? O desastre não seria diferente se os outros projetos de Deus fossem trocados por as versões mundanas.

"Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma." João 15:5

Nós somos parte da árvore, integramos essa criação maravilhosa de Deus que fornece alimento as pessoas e animais, casa aos pássaros, purifica o ambiente e é essencial para a continuidade da vida.

Talvez um dos maiores erros é comparar a maravilhosa obra do Senhor com algo artificial e falso oferecido pelo mundo. O salmista do Salmo 73 diz como é frustante e inútil fazer essa comparação:

Agi como insensato e ignorante; minha atitude para contigo era a de um animal irracional. Salmo 73:22

Assim como depois de um tempo a árvore de natal perde a graça e é guardada em uma caixa, também tudo o que não é verdadeiro desaparecerá, mas a Palavra do Senhor permanece para sempre.








terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Nasci assim, cresci assim e vou morrer assim?

Essa é uma frase popular, geralmente usada para demonstrar teimosia e persistência. Quando eu era criança ouvi muitas vezes meus avós dizerem isso, por um motivo ou por outro essa frase rondava minha família.

Já passou muito tempo e a expressão "eu nasci assim" continua presente nas conversações, muitas vezes para se auto-justificar, evitar criticas e quase sempre vem acompanhada pelo jargão "Deus me aceita como sou" para então encerrar de vez a conversa.

Mas o que diz a Bíblia sobre isso? 

Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Romanos 12:2

Nesse versículo a Bíblia nos ensina a sair do conformismo e renovar nossa mente, quebrar paradigmas, dogmas e preconceitos. A palavra "dogma" que significa verdade inquestionável não tem nada a ver com cristianismo, pois ainda em Romanos nos é advertido para entregar nosso culto racional a Deus, é algo que eu sim questiono, pergunto e busco a verdade constantemente até conhecer a "boa, agradável e perfeita vontade de Deus."

Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo; Filipenses 1:6

Como poderia Deus aperfeiçoar aquilo que considero inquestionável?

O cristianismo não se trata de Deus me aceitar como sou, nem eu mesmo me conformar com a minha pessoa, e sim nos render a ser transformados por Ele. Se trata de "matar" a mim mesmo, junto com todas as minhas verdades inquestionáveis e viver para Cristo.

A partir desse momento, que Jesus chama de "nascer de novo", já não importa o que EU acho, penso, sinto e desejo.. e sim a vontade daquele que me amou antes mesmo de eu nascer.

Não se trata de Deus me aceitar como sou, e sim eu aceitar que Jesus Cristo transforme minha vida para que eu possa ser o projeto original que Ele imaginou para mim e que por muitas circunstancias minha vida não seguiu esse plano perfeito.

Talvez isso incluí mudar minha vida por completo, minha forma de vestir, meu modo de falar, as pessoas com que eu me relaciono, o modo que eu olho a mim mesmo no espelho, meu endereço, filosofia, visão política, igreja e até mesmo o que considero como religião.

Se alguma dessas coisas não é possível para você mudar caso Deus te pedir, então existe um grande problema: isso é mais importante do que Jesus na sua vida, e desculpe dizer, é provável que você não seja um verdadeiro cristão.

Quando eu tinha 10 anos eu perguntei ao meu pastor o que era idolatria, ele me respondeu que tudo que eu não poderia deixar por amor a Deus é idolatria.
Há 19 anos eu tenho o costume de identificar algo que eu gosto/amo e me perguntar: "Eu deixaria disso por Deus?".

Por um par de vezes chorei em silêncio ao descobrir que não gostaria de entregar isso a Deus, e até ficaria chateada se Ele me pedisse, foi então que eu vi que alguém ou alguma coisa estava ocupando o lugar de Jesus no meu coração e eu tinha que renunciar e entregar nas mãos dEle.

Estou casada a pouco mais de 1 ano, e meu marido é a pessoa que mais amo, não posso mais imaginar minha vida sem ele. Passamos o dia inteiro juntos e fazemos muitos planos, espero um dia completar bodas de ouro, diamantes e tudo mais de pedras preciosas que existe. Mas um dia me dei conta que não gostaria nem de passar um dia inteiro longe dele, nem mesmo se Deus me pedisse, e ai está o problema: não é errado querer estar ao lado do marido, na verdade é totalmente bíblico, mas Jesus disse:

Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher (conjugue), seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. Lucas 14:26

A vida cristã é um exercício diário de entrega, de renunciar a si mesmo, aquilo que somos e ser menos para que Ele seja mais, ser pequeno para que Ele seja grande, se trata de dizer não ao que eu quero, por amor a vontade Dele.

É necessário que Ele cresça e que eu diminua. João 3:30

Disso se trata o cristianismo: "nasci assim, morri à mim mesmo, fui transformado e vou viver eternamente para Ele"





terça-feira, 22 de novembro de 2016

Relato: Malawi, Africa


Faz um tempo já que fiz essa viagem e eu publiquei aqui no blog alguns pensamentos que tive lá. Mas nunca quis fazer um relato muito detalhado, até porque quando cheguei estava meio estranha fisicamente, com algumas feridas no rosto e 7 kgs a mais.


Mas esses dias postei uma foto no grupo "Mochileiros" no Facebook e alguns me motivaram a escrever esse relato mais detalhado.

É muita informação e vou tentar organizar para colocar aqui, outra coisa é que eu perdi meu HD com todas as fotos, então tenho as fotos que estão no Facebook e as dos meus amigos companheiros de viagem.

Primeiro de Tudo: Por que Malawi?

Eu morava no Chile e trabalhava meio período como missionária para a igreja, o outro meio-período eu trabalhava como arquiteta para minha própria empresa lá em Santiago.

O meu chefe, pr. José Soto morou em Malawi por muitos anos, trabalhando na região de Monkey Bay a TV aberta do Chile fez um documentário muito legal sobre ele no programa "Chilenos por el mundo", você pode acessar o vídeo aqui (obviamente está em espanhol).

Caso você assistiu o vídeo, deu para ver um pouco do tipo de trabalho que ele já estava fazendo por lá e de como ele era querido e respeitado por todos.

Então um dia o José me falou:

"Day, tem um lugar lá em Malawi que fica isolado e só dá para chegar de barco, lá não tem nenhuma escola e como eles não tem acesso a outros lugares, as crianças não são alfabetizadas. Eu construí uma igreja lá que eles usam como escola, mas é muito pequena e só tem espaço para os grandes, quero construir algo para as crianças pequenas. Você pode fazer um projeto e viajar comigo para acompanhar a obra?"

Você já sabe qual foi minha resposta... SIM, era tudo que eu queria: usar minha profissão para ajudar a outros, viajar e conhecer outra cultura.

Eu teria que arrumar o dinheiro da passagem, e o resto era por conta da missão, esse foi um perrengue, pois eu era praticamente voluntária em tudo e o dinheiro que eu ganhava era para pagar as despesas básicas em Santiago.

Mas se Ele quer acontece, então um monte de gente me ajudou e consegui o dinheiro da passagem (1486 dólares) e acho que levei mais 200 dólares para comprar coisas por lá e ainda voltei com 100 dólares e cheia de presentes.

Equipe de Voluntários


A equipe era formada por pessoas da nossa igreja de diferentes profissões.

- José, sua esposa Naarita, e a filha Maria Gracia (de 1 ano e meio) chilenos
Conheciam todo o país, moraram lá por muitos anos e tinham muitos contatos.

- Mamá Rose
Ela já foi candidata a miss do Chile, a mochileira mais experiente de 60 anos, era a segunda vez que viajava para lá (ano passado foi de novo). Ela era a voz da experiencia e reconciliação, foi a principal responsável por deixar o grupo unido até o fim.

- Ceci (enfermeira)
Chilena, ela cuidou das crianças doentes e ensinou os pais sobre cuidados básicos de higiene.

- Zeni e Karlita
Chilenas, as duas são professoras de jardim infantil, elas além de dar algumas aulas para as crianças fizeram um curso de capacitação para os professores.

- Fernando
Costarriquense, é executivo em uma empresa internacional no Chile. Ele foi o responsável pelas as finanças antes, durante e a prestação de contas depois da viagem. Ajudou na obra de construção.

- Capi (capitão)
General do exercito chileno, muita experiencia em acampamento e situações extremas. Ajudou na obra de construção.

- Andrea e Noel
Casal colombiano, ela diretora de TV e ele engenheiro de computação, foram os que fizeram registros fotográficos e videos. E ajudaram em tudo em geral.

- Maniano
Peruano, executivo de uma empresa aérea, o filha da mãe pagou 70 dólares na passagem! kkk  Ele ajudou na obra de construção.

- Eu (Dayi) - colocaram um i a mais no meu apelido para não parecer "morte" em inglês. rs
Brasileira, arquiteta, que morava no Chile a 3 anos. Fui a responsável por fazer o projeto e tocar a obra da escola.

Visto

O visto tem que ser pedido em Brasilia, e demora um pouco. Eu enviei por correio meu passaporte (sim não tinha outro jeito) e depois de uns 20 dias chegou em casa com o carimbo do visto. E paguei a taxa de 100 dólares.


Trajeto

O aéreo foi Santiago - São Paulo - Joannesburgo - Lilongwe.

Como minha família mora em Sampa eu fui antes para passar um tempo com minha família e encontrei depois com o pessoal no aeroporto (a doida da foto sou eu).

Quando chegamos na Africa do Sul, alguns amigos do José nos foram buscar. Eles tem um tipo de hotel para missionários (quase todos chegam ai) e para nós não era nada parecido com a Africa que imaginávamos, mas a vida boa foi só por 1 dia, porque no dia seguinte embarcamos para Malawi.

O voo foi de 2:30 horas, e bem tranquilo. Mas o aeroporto.. era uma bagunça, um calor tão intenso e demora um tempo até você acostumar com o cheiro que as pessoas exalam. Estivemos cerca de meia hora na fila de imigração e qualquer terminal rodoviário no Brasil é maior e melhor organizado que lá. Depois de mostrar 3 vezes meu certificado de vacina da febre amarela e responder um questionário pude sair do aeroporto.

Os pastores da igreja Vineyard de Malawi nos estavam esperando com uma Kombi antiga por volta das 15:00, o sol estava de rachar e como já mencionei, demora um tempo para acostumar com o cheiro diferente. Viajamos por 8 horas nessa kombi caindo aos pedaços até chegar em Monkey Bay.
Quando entramos na última estrada apareceram no nada cerca de umas 20 mulheres gritando e dançando e mais umas 100 crianças gritando atrás da kombi, essa foi sem dúvida a parte mais emocionante da viagem, era mais de meia noite e centenas de pessoas começaram a gritar, dançar e cantar: "José voltou, José voltou, Naarita também".

Até agora eu me emociono de escrever, porque sou evangélica a muito tempo, me decepcionei tanto com pastores e me sinto muito honrada por ser pastoreada por um cara tão simples e louco como José. Ele não viajava para África para tirar fotos de crianças e pedir dinheiro para a igreja no Brasil, Chile.. ele realmente amava e era amado por todos naquele lugar. Ele conversava com eles em Chicheua que é o idioma tribal de Malawi, ele não era um Azulu (assim chamam os homens brancos desconhecidos lá), ele era um deles. Me senti muito orgulhosa de ter um pastor que ao contrário de muitos, não estava nem ai com o dinheiro e nem de se colocar em posição superior por ser branco, sacerdote ou qualquer outra coisa.

Bom... depois de toda a emoção, e de estar exaustos... ainda tínhamos que montar as barracas. Eu só queria dormir mínimo 12 horas, e o José dá a notícia: "Então gente, agora que terminamos de armar a barraca (era 1:30 da manhã) descansem, porque as 4:30 vamos pegar o barco, então precisamos acordar as 4:00 para desmontar as barracas e chegar na ilha" (chamam de ilha, mas é ilhado por não ter acesso terrestre por causa de uma montanha, não por ser separado do continente).

Eu pensei que nunca acordaria as 4 da manhã, mas para minha surpresa o sol já estava brilhando nessa hora, era impossível ficar dentro da barraca com tanto calor e ainda mais eu que tenho claustrofobia e estava na barraca com mais 4 mulheres.

Então depois de 50 minutos de barco enfim chegamos ao destino final: Mvunguti!!!


Cultura: Lado bom, lado ruim

Acordar ao som de africanas cantando felizes enquanto lavavam roupa no lago, afinação que nem em concertos caros no Brasil eu tinha ouvido, os homens que faziam o tenor enquanto tiravam o peixe do barco, pessoas tão lindas e sorridentes que não tem nada, mas ao mesmo tempo tem tudo.
Crianças tão respeitosas e felizes, que fazem com muita criatividade o próprio brinquedo. Que dão risada e brincam o tempo todo, mudou a minha vida olhar nos olhos de esperança e felicidade, que ofuscavam as dificuldades que tinham. Esse dia eu decidi que seria mãe de um africano, e hoje esse não é um sonho só meu, mas também do meu marido de ser pais adotivos.

A outra coisa é que estávamos cheios de equipamentos, Macbook, Iphone, Câmeras... tudo que valia mais de 10 anos de trabalho deles, deixávamos tudo lá na barraca e nunca ninguém tocou em nada.

Hahaha.. nunca vi tanto homem pelado na minha vida, nosso acampamento era enfrente ao lago onde eles se banhavam depois de descarregar os peixes. Parecia que eles faziam academia o dia inteiro, qualquer um deles poderia ser modelo fora da África e ganhar muito mais do que 43 dólares  (salário mínimo que a maioria não ganha nem metade disso).

Não desmerecendo a campanha que fizeram recentemente no Brasil de "cultura de estupro" mas queridas isso não é nada. Lá realmente o machismo é a nível extremo.

Para começar era uma humilhação para eles que uma mulher fosse a chefe de obra, ainda mais porque nessa época eu era solteira (só é considerado adulto uma pessoa casada). Ou seja, uma criança mulher mandando neles. Realmente eu tive que ser bem dura, demitir 2 trabalhadores por me desrespeitarem e me recusar a dar um mandazi (tipo um sonho de padaria cheio de óleo) para o cara que não obedeceu uma ordem.

É da cultura que o homem não pode carregar nada (supostamente para ter mãos livres e proteger a mulher), então é comum você ver uma mulher com um filho amarrado nas costas, panela cheia de água na cabeça e saco de batatas na mão, enquanto o marido vai atrás sem carregar nada!

Quase tive um colapso quando chegaram os sacos de cimento de 50 kg e os homens que eu tinha contratado para construir a escola foram chamar suas esposas para carregar sozinhas os 50 kg na cabeça, e depois dois homens com muito esforço colocavam juntos o cimento no chão, foi assim também com os tijolos, até eu chamar os voluntários para carregar os tijolos também e começar a zuar com eles dizendo que os brancos eram mais fortes porque os negros precisavam chamar as mulheres, dai mexeu com a auto-estima e eles ficaram bravos, pegavam uma pilha de tijolos cada um e mostravam que eram muito mais fortes que os brancos.

O banheiro era um buraco no chão, e eu e as outras mulheres tínhamos que ser acompanhadas por um homem para ir ao banheiro, muitas vezes íamos em grupos grandes. Era uma das partes mais importantes do dia, o humor de cada um dependia desse momento! Caminhávamos 10 minutos sempre na manhã, pois a tarde tinham muitas moscas e a noite milhões de baratas.

Graças a Deus minha menstruação chegou quando eu ainda estava na África do Sul, e voltou quando eu já estava mais acostumada com o lugar, mas era tenso para as mulheres em todo o sentido. Sempre tínhamos que estar acompanhadas por homens, pois se você é estrupada (muito comum) você pode até ser presa.

Lá meninas de 5 anos, as vezes até menos são vendidas em troca de peixe. Em outra vila cercana o chefe da tribo tirava a virgindade das meninas quando elas menstruavam pela primeira vez, e esse cara tinha AIDS. Então é muita violência sexual que as mulheres sofrem, desde da infância até o fim da vida, realmente é muito triste.

Dias de Folga


Depois de 2 semanas totalmente exaustos, o José nos levou para um lugar para descansar.. pagamos 1 dólar para passar o dia!

Depois fomos no mercado de rua de Malawi.. lá te oferecem artesanatos manuais incrivelmente baratos, por exemplo uma girafa de ébano maciço e 1 metro de altura me ofereceram por 20 dólares, você pode pensar: "Nossa que barato" mas eu a comprei por 5 dólares, todos os preços realmente são mais ou menos 1/4 do que te oferecem.

Também fizemos um safári pelo lago Malawi, onde na hora mais quente do dia podemos ver todos os animais ir tomar água. Lá é famoso também um lugar de crocodilos, onde você pode comer, comprar coisas de couro e tirar fotos com os crocodilos bebes.. mas quem me conhece sabe que não é o tipo de atividade que eu curto.

De volta a África do Sul

Estivemos mais 2 dias em Joanesburgo para a volta, eu espero viajar de novo e talvez mudar de opinião, mas de todos os lugares que já viajei foi o que eu menos gostei, nunca vi o racismo como existe lá. É lamentável, deprimente, depois de toda a luta e fim apartheid as pessoas continuam divididas.
Lá eu fiz Safari no Lion Park e fui no museu do Nelson Mandela (ele morreu uns meses depois que eu voltei para o Brasil).


Alguns perrengues

Estar tanto tempo com um grupo grande de diferentes países em um acampamento pequeno pode gerar grandes discussões, mesmo com uma boa amizade. Não foi fácil estar mais de um mês com pessoas que você só via algumas horas no fim de semana.

Pode te parecer super insensível, mas é impossível ficar sozinha lá. Primeiro pela coisa da segurança, segundo porque do nada aparecerem 100 crianças e quando você vê estão todas atrás de você. Realmente aquele tempo na viagem, você com você mesmo não rola.

O lago de Malawi é cheio de crocodilos, eu não tirei foto porque estava com muito medo, mas de noite nem pensar em entrar no lago.

Dos voluntários eu era a pessoa que mais ficava exposta ao sol, apesar do cuidado com filtros solares, tive algumas queimaduras, cheguei a desmaiar uma vez. Eu tinha que entrar no lago a cada 1 hora mais ou menos. Voltei para casa com algumas feridas no rosto.

Se você vai para respeitar a cultura, você vai passar calor, ninguém lá anda de short isso é um grande desrespeito para eles. Eu usei muito uma saia longa, mas era realmente complicado, principalmente tomar banho no lago com roupa, biquíni nem pensar.

Os pescadores ficam gritando a noite inteira! Sei lá porque, mas eles trabalham de madrugada e ficam gritando bêbados.

Eu não sei bem se é pelo sol quente, mas eu tinha umas visões meio sobrenaturais lá, o que não acontece comigo em outros lugares. Algumas pessoas religiosas dizem que são "espias" que vem ver quem somos. Eu e outras pessoas do grupo tivemos visões desse tipo.



Resultado da Missão

Construímos 2 salas que vão atender 400 crianças, o projeto é construir mais 6 salas e uma clinica
médica. Fomos recebidos com honra pelo rei (existe presidente para assuntos exteriores, o rei é tipo o juiz do país). Entregamos material escolar, uniforme e mochila para todas as crianças, como também salário dos professores.
Sem dúvida uma das experiencias que mais marcou minha vida, me fez olhar diferente o que realmente é riqueza. Eles são milionários!

Obrigada pelos que me apoiaram e incentivaram a fazer parte, a obra ainda não acabou.

Se você quiser saber mais acesse o link: https://vimeo.com/117315318

www.fundacionlavina.cl


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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Machucou? Quando casar sara...

Esse é o velha e sem graça brincadeira que provavelmente sua vó te falou toda vez que você caiu e raspou o joelho no chão. E hoje estou casada, mas nem tudo sarou.

A Bíblia trata o casamento como "onde dois se tornam uma só carne" fora o lado físico sexual de tudo isso, também se trata de se unir com todo "corpo e alma" a uma pessoa diferente. Todo encaixe perfeito gera atrito e é ai nesse momento da junção que sai a casquinha da ferida e tudo volta doer. 

Muitas das feridas do passado hoje são cicatrizes que contam uma história que vivemos com Deus, mas alguns dos machucados que supostamente não existem mais, só estão cobertos por uma fina capa superficial (também conhecida como "deixa pra lá") que no menor dos atritos vai acabar expondo toda a dor que seu corpo já tinha esquecido.

Alguns dos relacionamentos que pude observar terminam exatamente por "mexer no que está quieto" que são simplesmente feridas não curadas e ignoradas com o passar do tempo. Mas ao torna-se um só corpo, a dor do seu mendinho também dói no se conjugue e  não existe casamento saudável com pessoas espiritualmente enfermas.

A melhor decisão da minha vida, depois de reconhecer a Jesus como salvador, foi com certeza dizer "sim" aquele garoto branquelo falando português enrolado.

Casamento é a melhor ideia de Deus e me sinto muito feliz em viver em plenitude o amor projetado pelo Criador. Falo isso porque se não fosse meu marido eu nunca iria descobrir que por muito tempo vivi doente sem saber, e por mais que é difícil e vergonhoso expor e deixar outra pessoa limpar e desinfeccionar aquela velha e feia ferida, é o que hoje me permite desfrutar o máximo de cada momento sem medo de novas lesões.

Umas semanas atrás vimos um grupo de garotos organizando uma despedida de solteiro, o noivo estava com a tradicional camiseta "game over" e todos os outros com uma camiseta "nós jogaremos por você amigo". Pensei junto com meu marido que distorcionada visão do casamento, ainda que é só uma brincadeira, no fundo muitos sentem que é o fim de muitas coisas boas da vida.

Ficamos pensando o que faz as pessoas pensarem assim, até mesmo na igreja quando vem a gente colados o tempo todo e ficam sabendo que passamos a maior parte do dia juntos e amamos isso, sempre perguntam: "Há quanto tempo vocês são casados?". Depois da nossa resposta vem a exclamação: "Aaah.. por isso vocês são assim".

Temos consciência que o relacionamento vai mudando com o passar dos anos, depois dos filhos, alterações hormonais e etc, mas nenhuma regra diz que tem que ser para pior. Deus é o que renova todas as coisas, incluso o primeiro amor.

Realmente o casamento não sara, mas expõe muitas feridas e é nossa decisão expor e permitir que Deus cure ou "deixar pra lá" até que se torne uma infecção.

Só ele cura os de coração quebrantado e cuida das suas feridas. Salmos 147:3






quarta-feira, 11 de maio de 2016

Em dependência

Faz mais de 3 meses que estou morando na Europa, nos dois primeiros meses na Holanda na casa dos meus sogros e nesse último mês na casa de um pastor na Bélgica.

Quando Deus falou para mim e para meu marido para morar aqui a primeira coisa que eu pensei foi: "como eu vou trabalhar?, como eu vou conversar com as pessoas (não falo holandês)?, como eu vou exercer meu ministério?

Ainda lá no Chile onde vivi por 5 anos e falo com fluência o idioma, Deus já tinha pedido uma coisa estranha: liderar junto com meu marido (nesse tempo noivo) um grupo de jovens estrangeiros em inglês (idioma que falo com a mesma fluência do Lula, kkkk). Mas não demorou muito para entender o que Deus estava fazendo, eu vi que a garota independente, empreendedora, falante e com muitos anos de convertida se calando para que dar espaço para o seu futuro marido.

Eu tinha tomado umas lições sobre depender de Deus, mas essa de depender de uma outra pessoa é novo para mim. Isso é contrário a todo o movimento feminista e da vida moderna que diz "nunca dependa do seu marido". Agora eu não só dependo dele financeiramente, como também para me comunicar quando o inglês não funciona bem, ou seja, não posso fazer muita coisa sem ele.

Até mesmo minha relação com Deus mudou nesses quase 4 meses casada, antes era Deus e eu, agora sinto a necessidade de orar junto com meu marido e sinto que minha oração é mais eficaz unida a dele. Mas no fundo não sou dependente dele, nem ele de mim, nós dois somos dependentes de Deus.

A queda do homem no paraíso deriva da busca por independência, pois o que a serpente ofereceu era ser como Deus e assim não precisar mais dEle. A ideia de independência está relacionada com o sonho da maioria das pessoas e é associada a liberdade, pois considerar-se auto-suficiente alimenta o ego, mas é uma falsa ideia.

Todos precisamos de outros, seja relações emocionais, comerciais, afetivas. 

"A felicidade só é real quando é compartilhada" Christopher McCandless

Enquanto sucesso no mundo é torna-se cada dia mais "independente" o trajeto de Deus é fazer de nós cada dia mais depender da sua Graça, como originalmente nos desenhou.


A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.

2 Coríntios 12:9


Na dependência está a confiança, Paulo entendia bem que quanto mais necessitado fosse, mas dependente seria da Graça, quanto mais longe estivesse do lugar seguro, mas precisaria confiar que Deus é fiel. Talvez por isso ele não parava quieto, viajava e pregava o evangelho em diferentes e perigosos lugares.

Eu sou a videira e vocês os ramos; quem está em mim, e Eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. João 15:5

Cada dia que eu olho para trás e lembro de como pensava que era independente quando tinha um bom emprego e vivia em um apartamento legal, me faz lembrar também de como eu era tonta. rs

Roupa cara, carro do ano, eventos, dinheiro... tudo era dependente do meu emprego e quando eu perdi já não tinha mais nada.

Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu. Apocalipse 3:17 

Se você não for dependente de Deus, será de alguma coisa ou de alguém. A diferença é que Ele nunca vai falhar, te deixar ou te mandar embora. Cristo nos chama a ser como crianças que dependem dos seus pais, Ele diz que quem não for assim não entrará no Reino de Deus, em outras palavras:

DEPENDÊNCIA OU MORTE